domingo, 18 de novembro de 2007

OS LIVROS SÃO PASSAPORTES



Costumo dizer que os livros são como as cerejas: pega-se num e logo vêm uns quantos atrás.
Lendo, temos oportunidade de viajar, viver aventuras, emoções fortes, chorar, rir ou simplesmente sorrir, desvendar mistérios, entrar em mundos desconhecidos...
Viajei pelo Brasil e conheci a magia do mar, os rituais do candomblé, a miséria dos meninos de rua, entregues à sua própria sorte e a quem tudo lhes é negado incluindo o afecto, quando li Mar Morto e Capitães da Areia, de Jorge Amado.
Fiz uma viagem no tempo e mergulhei na Idade Média quando li A Papisa Joana de Donna Woolfolk Cross. Com este livro senti profundamente o quanto sofriam as mulheres por viverem numa sociedade que lhes negava o direito a tudo, incluindo o direito a serem inteligentes.
Viajei até Paris do século XVIII através do livro O Perfume do alemão Patrick Suskind. Entrei directamente nos ateliers dos perfumistas e vivi momentos arrepiantes proporcionados pela personagem principal, uma figura monstruosa que mata para encontrar o perfume ideal sinónimo da forma suprema da Beleza.
Fiz mergulho submarino, conheci as profundezas do mar e as paisagens magníficas de Varadero, em Cuba, quando li Bailado de Sombras de Miguel Miranda.
Deliciei-me e emocionei-me com a personagem Pompeia em O Vento e a Lua - história de uma vagabunda de Rita Ferro, uma criança deixada aos seis meses, num galinheiro, com três biberões de leite, enquanto os pais iam trabalhar. E Pompeia cresceu em liberdade, à solta como o vento e a lua.
Da literatura dita juvenil, foram vários os livros que me fizeram vibrar e pensar. Destaco, no entanto dois autores recentes: Alexandre Honrado e Daniel Marques Ferreira. Do primeiro, Sentados no Silêncio e os livros da colecção "Casos da Vida Real; do segundo, Quarto com Vista para o Paraíso e Primavera Interrompida. Todos eles me levaram ao encontro de jovens perdidos no meio dos seus problemas provocados por famílias desmembradas, sida, droga, anorexia, suicídio, gravidez precoce.
E, viagem maravilhosa é a que fiz de planeta em planeta, acompanhando O Principezinho de Antoine de Saint-Exupéry. Uma história terna sobre a tristeza e a solidão, uma forma filosófica e poética de reflectir sobre os valores da vida.
Muitos mais me levariam a escrever mas, então, não terminaria o texto tantos foram os livros que li, que adorei ler, que me fizeram passar momentos tão bons e esquecer tudo à minha volta. Não quero, porém, deixar de fazer referência a quem me fez passar horas e horas magníficas: Luís de Camões, Miguel Torga, Fernando Namora, Alves Redol, Eça de Queirós, José Saramago, Sophia de Mello Breyner Andresen, Ilse Losa, Eugénio de Andrade, Isabel Allende, Gabriel Garcia Marquez, Luís Sepúlveda, Maximo Gorki, Dostoievsky, Emílio Zola, Albert Camus...
Os livros são o meu calmante, o meu refúgio, o meu tesouro.

Ana Paula Oliveira


Hoje, apesar das viagens "low cost", viajar continua a ser muito caro e ainda não é acessível a toda a gente. Há que encontrar alternativas: os livros. Também são caros, é um facto, mas não precisam de ser comprados. Para isso cá estão as bibliotecas, escolares e municipais, que os emprestam. A BE de Arrifana lançou o convite à evasão através de dois cartazes turísticos e criou um power point, convidando à viagem sem sair do sofá, intitulado "A volta ao mundo em 80 livros".
Duas pessoas, bem conhecidas, também convidaram os leitores a viajar com elas e os seus textos podem ser consultados no site da DGLB:

Alice Vieira faz o convite num guia orientador de leitura intitulado "Viajar nos livros", ilustrado por João Caetano.
Paula Moura Pinheiro publicou uma selecção bibliográfica intitulada "...novo céu e novas estrelas... viajar nos livros".

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